quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Entrevista sobre Saúde Pública, com a Biomédica: Katiússia Caldas


Fale um pouco sobre você, por que escolheu Biomedicina?

Meu nome é Katiússia Caldas, sou biomédica, formada nas Faculdades Integradas de Patos, na Paraíba. Faço pós-graduação na área de saúde pública e da família. No momento, estou ministrando aulas nas disciplinas de microbiologia e parasitologia oral, em um curso técnico de saúde bucal.
No início, antes mesmo de pensar em um curso superior, eu havia feito vários testes vocacionais e os resultados sempre mostravam uma inclinação para cursos da área de saúde. No ensino médio, sempre me saí muito bem na disciplina de biologia, e acredito que isso tenha me favorecido em algumas disciplinas da faculdade. Então, segui a indicação dos testes e resolvi fazer, primeiramente, um curso técnico de enfermagem, pois era o único, até então, que havia disponível em Itaporanga, minha cidade natal. Após dois anos, e superando dificuldades com muita garra, fui aprovada com louvor em todas as disciplinas. Logo depois, apareceu a chance de fazer um curso superior em uma cidade próxima, chamada Patos. Olhei se havia transporte, pois teria que ir e vir todos os dias. Passei a analisar com mais frequência o edital do vestibular e vi que eles ofereciam um curso por nome biomedicina. Antes de mais nada, fui observar o que um biomédico fazia, qual era o objeto de trabalho e como o curso se desenvolvia no mercado. Imaginei também como eu seria tendo uma profissão como essa. Depois de muitas pesquisas, me preparei para o vestibular, fui aprovada e abracei a oportunidade. Em minha turma, muitas pessoas quiseram desistir do curso, pois, logo no início, se ouvia falar em poucas vagas no mercado de trabalho, e eu nunca me deixei levar por esse tipo de pensamento, pois havia um professor que me incentivava muito, diante das dúvidas de alguns colegas. Meu professor dizia que eu teria que ter um diferencial, e mesmo que tudo parecesse um pouco difícil, o próprio amanhã seria um diferencial para mim, ante os que já haviam escolhido outros caminhos, e me aconselhou a prosseguir a jornada, fazendo a minha parte e dando o melhor de mim. Eu nunca tive dúvidas e  influências negativas que me fizessem descontinuar o meu curso, mesmo sabendo que muita gente tinha a pretensão de desistir. Continuei com o pensamento de que nos outros cursos eu teria outras dificuldades, teria também outros medos, vários desestímulos, disciplinas que iriam me desfavorecer... e isso foi me ajudando a encarar cada período. Passei por algumas dificuldades, não pelo curso em si, mas porque eu havia sido prejudicada em meu ensino básico e médio, por algumas deficiências no ensino e despreparo de alguns professores e, como se sabe, na faculdade, se é exigido o conhecimento adquirido durante o tempo de escola, aprofundando em umas coisas e em outras, mostrando algo novo. Tive que estudar o dobro, em relação aos meus colegas, na tentativa de relembrar algumas disciplinas em déficit, o que se tornou mais um grande desafio para mim.


Fale para nossos leitores sobre sua Especialização Saúde Pública?

O curso de saúde pública é voltado para todo profissional que trabalha na gestão, no tratamento e no controle de doenças relacionadas à saúde da população. O nosso trabalho é feito levando em consideração os fatores epidemiológicos, demográficos, sociais e políticos, tendo bastante certeza que esses fatores estão interligados ao comportamento da população e vivenciados por eles dia após dia e que, de uma forma ou de outra, afetam o seu desenvolvimento.  Eu sempre pensei em poder ser uma biomédica sem ter que necessariamente ser uma analista clínica. Minha visão não se limitava somente às quatro paredes de um laboratório. Escolher saúde pública é escolher sair de um ambiente, digamos que, mais confortável, para ficar de frente com os problemas atuais da nossa população e também do mundo. Escolher saúde pública é escolher trabalhar e lutar não só com os usuários do sistema de saúde, mas também com a população em geral. É despojar-se de um ambiente limitado para correr em busca de soluções mais práticas. A saúde pública é uma área delicada, que sofre muito com a falta de recursos, com a falta de profissionais que queiram abraçar essa causa. A minha escolha em fazer pós-graduação nessa área foi com a intenção de trabalhar em instituições de saúde e também atuar em sala de aula como formadora de outros profissionais que queiram adquirir conhecimentos nessa área.


Você acredita que a saúde pública no Brasil tem conserto ainda?

. Fazendo um apanhado geral da saúde em alguns países, não há um sistema de saúde pública perfeito, todos possuem falhas, pois os países são compostos de pessoas diferentes, e cada um tem uma necessidade própria, cada um age por si, em favor de si, tendo como consequência ganhos e perdas para todos. A saúde não tem sido prioridade para nossos governantes, vejo pouca proposta nesse sentido e os recursos destinados a essa área ainda estão em um patamar bem inferior quando comparados a países com boa referência nesse campo. O que não estamos tendo é prioridade para direcionar esse recurso. A realidade pode ser em parte pela falta de competência na gestão, e acredito que haja uma falta de planejamento e fiscalização nos programas que estão em vigor. De acordo com a OMS, há uma perda de quase 40% das verbas que são destinadas à saúde, seja por ineficiência, erros médicos e operacionais, alguns procedimentos inadequados, falta de treinamento com os profissionais da saúde, a má gestão administrativa e a corrupção anunciada dia após dia nos nossos noticiários. A recuperação dessa perda já ajudaria muitos hospitais públicos. Acredito que com boas instruções e direcionamentos, com pessoas qualificadas para ocuparem cargos de confiança, pessoas que realmente tivessem interesse em mudar a situação a partir de um trabalho sério, e acredito que a saúde pública teria grandes chances de avanço, com resultados efetivos para a população.


Quais direitos temos em relação ao SUS? Quais programas de saúde tem a nossa disposição?

Programas de saúde, direitos que temos em relação ao SUS:
Saúde da Família (Atuar na manutenção da Saúde e na prevenção de doenças);
Mais Médicos (Convocação de profissionais para a Atenção Básica);
Farmácia Popular (Baixo custo dos medicamentos essenciais);
Pronto Atendimento (UPA 24 horas);
Cartão Nacional de Saúde (Acesso a procedimentos executados no âmbito do Sistema Único de Saúde);
SAMU (Atendimento Móvel de Urgência e Emergência);
Controle de Câncer (Mama e Colo do Útero);
Bancos de Leite Humano (Promove expansão quantitativa e qualitativa dos bancos de leite humano no Brasil);
Controle de Tabagismo (Prevenir doenças e reduzir a incidência de outras doenças relacionadas ao tabaco);
PNAM (Políticas Nacional de Alimentação e Nutrição);
Humaniza SUS (Qualificar a Atenção e Gestão em Saúde);
Doação De Órgãos (Conscientização sobre a importância da doação de órgãos);
Melhor em Casa (Atendimento Domiciliar);
Academia de Saúde (Atividade Física e lazer);

QualiSUS – Rede (Organização de Redes de Atenção à Saúde;

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