Fale um pouco
sobre você, por que escolheu Biomedicina?
Meu nome é Katiússia
Caldas, sou biomédica, formada nas Faculdades Integradas de Patos, na Paraíba.
Faço pós-graduação na área de saúde pública e da família. No momento, estou ministrando
aulas nas disciplinas de microbiologia e parasitologia oral, em um curso
técnico de saúde bucal.
No início, antes mesmo
de pensar em um curso superior, eu havia feito vários testes vocacionais e os
resultados sempre mostravam uma inclinação para cursos da área de saúde. No
ensino médio, sempre me saí muito bem na disciplina de biologia, e acredito que
isso tenha me favorecido em algumas disciplinas da faculdade. Então, segui a
indicação dos testes e resolvi fazer, primeiramente, um curso técnico de
enfermagem, pois era o único, até então, que havia disponível em Itaporanga,
minha cidade natal. Após dois anos, e superando dificuldades com muita garra,
fui aprovada com louvor em todas as disciplinas. Logo depois, apareceu a chance
de fazer um curso superior em uma cidade próxima, chamada Patos. Olhei se havia
transporte, pois teria que ir e vir todos os dias. Passei a analisar com mais
frequência o edital do vestibular e vi que eles ofereciam um curso por nome
biomedicina. Antes de mais nada, fui observar o que um biomédico fazia, qual
era o objeto de trabalho e como o curso se desenvolvia no mercado. Imaginei
também como eu seria tendo uma profissão como essa. Depois de muitas pesquisas,
me preparei para o vestibular, fui aprovada e abracei a oportunidade. Em minha
turma, muitas pessoas quiseram desistir do curso, pois, logo no início, se ouvia
falar em poucas vagas no mercado de trabalho, e eu nunca me deixei levar por esse
tipo de pensamento, pois havia um professor que me incentivava muito, diante
das dúvidas de alguns colegas. Meu professor dizia que eu teria que ter um
diferencial, e mesmo que tudo parecesse um pouco difícil, o próprio amanhã seria
um diferencial para mim, ante os que já haviam escolhido outros caminhos, e me
aconselhou a prosseguir a jornada, fazendo a minha parte e dando o melhor de
mim. Eu nunca tive dúvidas e influências
negativas que me fizessem descontinuar o meu
curso, mesmo sabendo que muita gente tinha a pretensão de desistir.
Continuei com o pensamento de que nos outros cursos eu teria outras
dificuldades, teria também outros medos, vários desestímulos, disciplinas que
iriam me desfavorecer... e isso foi me ajudando a encarar cada período. Passei
por algumas dificuldades, não pelo curso em si, mas porque eu havia sido
prejudicada em meu ensino básico e médio, por algumas deficiências no ensino e
despreparo de alguns professores e, como se sabe, na faculdade, se é exigido o
conhecimento adquirido durante o tempo de escola, aprofundando em umas coisas e
em outras, mostrando algo novo. Tive que estudar o dobro, em relação aos meus
colegas, na tentativa de relembrar algumas disciplinas em déficit, o que se
tornou mais um grande desafio para mim.
Fale para
nossos leitores sobre sua Especialização Saúde Pública?
O curso de saúde pública
é voltado para todo profissional que trabalha na gestão, no tratamento e no controle
de doenças relacionadas à saúde da população. O nosso trabalho é feito levando
em consideração os fatores epidemiológicos, demográficos, sociais e políticos,
tendo bastante certeza que esses fatores estão interligados ao comportamento da
população e vivenciados por eles dia após dia e que, de uma forma ou de outra,
afetam o seu desenvolvimento. Eu sempre
pensei em poder ser uma biomédica sem ter que necessariamente ser uma analista
clínica. Minha visão não se limitava somente às quatro paredes de um
laboratório. Escolher saúde pública é escolher sair de um ambiente, digamos
que, mais confortável, para ficar de frente com os problemas atuais da nossa
população e também do mundo. Escolher saúde pública é escolher trabalhar e
lutar não só com os usuários do sistema de saúde, mas também com a população em
geral. É despojar-se de um ambiente limitado para correr em busca de soluções
mais práticas. A saúde pública é uma área delicada, que sofre muito com a falta
de recursos, com a falta de profissionais que queiram abraçar essa causa. A minha escolha em fazer pós-graduação nessa área foi com
a intenção de trabalhar em instituições de saúde e também atuar em sala de aula
como formadora de outros profissionais que queiram adquirir conhecimentos nessa
área.
Você acredita
que a saúde pública no Brasil tem conserto ainda?
.
Fazendo um apanhado geral da saúde em alguns países, não há um sistema de saúde
pública perfeito, todos possuem falhas, pois os países são compostos de pessoas
diferentes, e cada um tem uma necessidade própria, cada um age por si, em favor
de si, tendo como consequência ganhos e perdas para todos. A saúde não tem sido
prioridade para nossos governantes, vejo pouca proposta nesse sentido e os recursos destinados a essa área ainda estão
em um patamar bem inferior quando comparados a países com boa referência nesse
campo. O que não estamos tendo é prioridade para direcionar esse recurso. A
realidade pode ser em parte pela falta de competência na gestão, e acredito que
haja uma falta de planejamento e fiscalização nos programas que estão em vigor.
De acordo com a OMS, há uma perda de quase 40% das verbas que são destinadas à
saúde, seja por ineficiência, erros médicos e operacionais, alguns
procedimentos inadequados, falta de treinamento com os profissionais da saúde,
a má gestão administrativa e a corrupção anunciada dia após dia nos nossos
noticiários. A recuperação dessa perda já ajudaria muitos hospitais públicos.
Acredito que com boas instruções e direcionamentos, com pessoas qualificadas
para ocuparem cargos de confiança, pessoas que realmente tivessem interesse em
mudar a situação a partir de um trabalho sério, e acredito que a saúde pública
teria grandes chances de avanço, com resultados efetivos para a população.
Quais direitos
temos em relação ao SUS? Quais programas de saúde tem a nossa disposição?
Programas de saúde, direitos que temos
em relação ao SUS:
Saúde da Família (Atuar na manutenção
da Saúde e na prevenção de doenças);
Mais Médicos (Convocação de
profissionais para a Atenção Básica);
Farmácia Popular (Baixo custo dos
medicamentos essenciais);
Pronto Atendimento (UPA 24 horas);
Cartão Nacional de Saúde (Acesso a
procedimentos executados no âmbito do Sistema Único de Saúde);
SAMU (Atendimento Móvel de Urgência e
Emergência);
Controle de Câncer (Mama e Colo do
Útero);
Bancos de Leite Humano (Promove
expansão quantitativa e qualitativa dos bancos de leite humano no Brasil);
Controle de Tabagismo (Prevenir
doenças e reduzir a incidência de outras doenças relacionadas ao tabaco);
PNAM (Políticas Nacional de
Alimentação e Nutrição);
Humaniza SUS (Qualificar a Atenção e
Gestão em Saúde);
Doação De Órgãos (Conscientização
sobre a importância da doação de órgãos);
Melhor em Casa (Atendimento
Domiciliar);
Academia de Saúde (Atividade Física e
lazer);
QualiSUS – Rede (Organização de Redes
de Atenção à Saúde;
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